Por que Fernando atravessou a estrada?
Versão 2
Início das colagens
Em 2008 um amigo estava pedindo para artistas próximos testarem uma tinta que estava desenvolvendo para um cliente misterioso. A intenção era lançar uma tinta nacional de qualidade internacional, com bastante pigmento. O teste era de plasticidade da intintagem da cor. Então ele me instruiu a recortar cartões de papel, colocar uma cor numa ponta e ir estendendo aquela película de cor adicionando um pouco de outra cor, até o fim. Eu nunca havia trabalhado assim até então. Meu costume era fabricar cores e as aplicar na tela. Pois bem, o estudo foi proveitoso mas a empreitada infelizmente não foi para frente. A tinta era realmente de muita qualidade. Ganhei cinquenta potes de tinta pelo teste e fui para casa feliz, junto com meus cartões pintados.
Depois que acabou a faculdade de Propaganda e Publicidade, centralizei todos meus materiais em Ilhabela. Os cartões de cor foram parar numa mapoteca gigante feita por um marceneiro e enquanto eu me dedicava a desenhos sobre tela, esqueci aqueles cartões ali.
E o exercício de apenas desenhar ia me incomodando. Passei um ano - 2011 - estudando outros assuntos até que voltei a pintar, a fazer versões pintadas de meus melhores desenhos sobre tela. De todo modo, eu não me sentia mais a vontade para o uso da cor. Fazia tudo em preto, cinza e branco, camadas transparentes de tinta acrílica também faziam parte de meu repertório técnica. Eu procurava um meio formal de estender a sensualidade da forma. Então eu esquadrinhava todo o plano pictórico em busca de uma ilusão de terceira dimensão e quando esse aparato arquitetônico estava montado, eu pintava as formas redondas da cena doméstica ou urbana. Aquilo estava se tornando extremamente árduo! Eu sabia que estava bom, mas como era difícil!
Um momento de liberdade
Um belo dia de muita liberdade, pego uma folha grande de papel craft bem grosso e começo a pensar na beleza de uma cola com café. Minha escola de pintura é ligada a técnica e esta sempre foi um disparador de incidências poéticas. A cor do café é maravilhosa. Eu misturei pó de café com cola e fiquei pensando: o que fazer com aquilo? Eu não iria pintar com cola... até hoje nunca experimentei pintar misturando tinta acrílica com cola branca. Por outro lado eu sabia que aquele papel grosso, se fosse ondular, ondularia pouco ao contato da umidade da cola branca.
Sempre admirei colagem por ter um amigo artista muito virtuoso com essa técnica. Mas nunca perguntei para ele como faz para evitar que a cola ondule o papel. Ele até me deu uma dica... mas a cola que ele usa é muito cara. Isso me afastou do universo das colagens. Até aquele dia. Fiquei pensando em usar a cola com café em recortes de jornal, mas que formas eu iria recortar e qual o interesse editorial para um artista diante das imagens de políticos ou artistas populares? Aquilo não formava uma narrativa evidente para mim.
Vou até a mapoteca onde estavam meus papéis pintados e fico observando que dali poderiam sair formas geométricas.
Não sei se isso foi antes ou depois de eu fazer as telas "Edifícios inviáveis". Eu havia estudado bastante arte abstrata assim como passei toda a década de 2000 vendo o Concretismo muito apreciado nos ambientes institucionais. Eu queria comunicar a minha obra com as pessoas. Estava cansado da pouca ressonância de meu trabalho figurativo. E, de certo modo, isso... esse esforço se justificou. Parece que depois que fiz os trabalhos abstratos, me tornei visível no mundo. Antes eu era apenas uma pessoa pintando em Ilhabela. Depois me tornei uma pessoa que estava experimentando um caminho novo para si. Aquela ruptura incomodou algumas pessoas. Mas assim eu fui. Aquela ruptura estava dentro de mim. Eu havia me tornado outra pessoa. E precisava de algo que correspondesse àquela transformação que acontecia em mim. Sinto que alguns homens colocam peitos no desejo de se tornar mulher. O que suspeito é que algumas dessas pessoas não suspeitam que colocar peitos é um compromisso duradouro e imaginem que dê para colocar e tirar peitos no intervalo de um ano. Eu achei que seria possível me embrenhar no abstracionismo e depois virar outro artista como uma cobra muda de pele ou como uma esponja do mar abre e fecha nos ciclos de um mesmo dia. Não. Fazer arte abstrata se tornou um compromisso. Eu deixei de lado a arte figurativa definitivamente até 2020. Foi um período de 2012 a 2020 de dedicação total às artes abstratas.
Peças para cola com café
Mas eu estava dizendo de um momento inicial que não me lembro se foi antes ou depois de quadros abstratos que fiz para flexionar e aproveitar a flexão que haviam nos Metaesquemas de Hélio Oiticica. Sentia naqueles trabalhos uma verdadeira crítica à Arte Concreta. Algo que não negava mas afirmava que os caminhos podiam ser outros - de alguma movimentação - dentro dos sistemas rígidos que as artes concretas afirmavam e sufocavam. Eu me sentia mentalmente sufocado com a arte Concreta. Ao mesmo tempo sentia que podia dar minha contribuição. Os "Edifícios inviáveis" foram alusões a um prédio que vi numa foto de Dusseldorf. Uma espécie de Museu de Bilbao edificado. Pensei: e se fosse possível fazer um projeto inexequível para os arquitetos? Eu estava me sentindo culpado por ter criticado tanto, nos espaços públicos de imprensa, a suposta feiura dos prédios em São Paulo. E a verdade é que os projetos melhoraram muito desde então - não por força de minha crítica - mas por novas leis que a Câmara aprovou que mudaram o paradigma qualitativo das obras de edifícios paulistanos.
Edifício inviável 1
Cada trapézio é uma janela e o aro verde claro veio de um quadro que retratei da casa de dois cômodos de uma amiga cozinheira. O quadro era da cozinha de sua casa vista de fora da porta-janela. Na tela, esse aro verde poderia ser o limite de uma edificação.
Eu já tinha, portanto, uma intenção de trabalhar com peças geométricas. Fui até a gaveta da mapoteca, peguei os cartões coloridos em 2008 e comecei a recortar peças geométricas simplesmente por serem aquelas formas capazes de a cola com café extravasar seus limites e aparecer na superfície da obra.
Pôr do Sol
Entre triângulos e quadrados, fui mentalizando uma paisagem. Usei bastante cola com café e pude perceber que mais de uma camada era necessária para se chegar à imagem que ia se formando. Selecionei os verdes e os terras para a parte inferior da obra, os laranjas para a parte central e os azuis e violetas para a parte superior da obra. Assim surgia o Pôr do Sol, minha primeira colagem.
Meu campo de discussão era totalmente doméstico: pai (artista plástico), mãe, irmão. Além de dois amigos artistas, a Lígia e o Odires. Quando trouxe o trabalho para São Paulo, ou em Ilhabela mesmo, meu pai, que foi meu primeiro professor, elogiou muito aquele trabalho. Era uma época que eu tinha abundância de espaço. No ateliê de São Paulo, um belo dia, meu pai aparece com uma caixa cheia de materiais diferentes: policarbonato, adesivo automotivo de várias cores, acetatos. Eu já tinha papéis artesanais que a equipe da Fibra Galeria havia me dado para que eu fizesse algumas obras para participar de uma exposição coletiva. Meu pai deu apenas um conselho: - Junta esses materiais e faz algo legal.
Por que Fernando atravessou a estrada?
Na rua Ministro Godói fica um parque, este, com muitos galos e galinhas. E as vezes alguns desses frangos atravessam a estrada... para fazer nada. Estava eu ali na mesma rua que de dia as galinhas dominam. Era noite e subindo a rua vejo um carro de papelão bem a frente tomar a esquina de acesso. Tchábum, cai uma caixa, que atrapalha o trânsito dos carros que vinham atrás. O carro de papelão seguiu adiante abandonando seu pertence. Como ponto de fuga, tomo a caixa em meu destino e, no meio dos carros, chego até aquela caixa. De papelão forte, me surpreendeu que a caixa era toda furadinha. Começava aí uma nova incidência poética.
Numa exposição do Projeto Vênus, chamada Matrioska, na Galeria Bergamin e Gomide, em 2020, várias artistas se utilizaram de caibros para fazer suas pinturas. Uma delas desenhou apenas olhos um em cima do outro. Outra juntou três caibros com espaçamentos e pintou uma cabra. E assim por diante. Pensei que aqueles caibros poderiam ser suportes para linhas das colagens que pratico desde 2012. Segue um exemplo:
Estudo de padrões 17 004
Colocar peças de plástico num caibro equivaleria a fabricar uma linha dessa colagem. A colagem tem níveis, tem camadas. Logo, luz e sombra incidem de maneiras diferentes conforme a luz do dia, ou do ambiente, a atravessam.
Mas apenas um caibro com peças coloridas não me bastaria. A ideia seria justamente dar dimensão a estrutura plana que já elaboro. É muito comum as pessoas se aproximarem das colagens planas para verem como é feita. Por que não inserir mais espaço no que é plano ou, ainda, aumentar a escala desse sistema para incluir o ser humano na fruição criativa desse processo?
Os caibros com peças coloridas num primeiro momento foram imaginados soltos numa sala, em diagonais. De modo que as pessoas teriam de desviar dos caibros nos ângulos mais próximos ao chão. Mas quando encontro a caixa furadinha na estrada, surge um plano matemático novo: furos paralelos. Aquilo definiu a exemplificação que fiz e por uma razão, começar pelo simples. Os furos paralelos me levaram a produzir uma maquete onde, no lugar dos caibros, utilizei varetas. Vazei um lado da caixa, que permaneceu com quatro lados fechados por papelão e dois lados abertos. Seguir as linhas latitudinais foi um paralelo as colagens planas já realizadas. Nestas, o ponto de vista muda a percepção do receptor da mensagem plástica. Na maquete, estabeleci 6 varas dispostas em alturas diferentes da base da caixa, em profundidades também diferentes. O ponto chave dessa maquete é que ela é muito semelhante as colagens planas sob hum ponto de vista, o de fachada. Seria necessário criar na sala onde seja instalado essa obra, uma espécie de andar onde o receptor da mensagem possa ver um panorama das linhas de peças sobrepostos de maneira convencional, isto é, de semelhança muito próxima à uma colagem plana. Vista de frente, a certa altura, as peças todas se encaixam em latitudes ordenadas de cima a baixo.
Bem diferente quando o receptor, ou receptora da mensagem desce do andar e começa a caminhar pela sala. Sua visão compreenderá que cada ângulo de seu caminhar produz uma obra diferente. Essa narrativa dos pontos de vista procura inserir o receptor nas dimensões de formação da imagem de uma obra de característica óptica. É uma espécie de exposição do enigma da obra, pois cada etapa sua é mostrada em partes.
Mas há outra potência nas colagens planas que pode ser explorada: a questão das sombras. As sombras naturalmente invadem e compõe e jogo de formações de matizes cromáticos das colagens planas. Na maquete, os furos da caixa - maiores que a espessura das varetas - ainda permitiram a incidência criativa de se adicionar focos de luzes. Na instalação real, adicionar janelas de luzes, ou spots, que acendem e apagam sozinhos, ou que acendem e apagam ao comando do receptor, fará com que a própria instalação tenha ativada e aumentada a natureza da obra de composição com as sombras, ou de transformar linhas de peças (os caibros) em vultos que evidenciam, assim, algumas cores frente outras. Podendo andar de trás para frente, o receptor verá composições únicas de cores, luz, sombras além da própria sombra. Ver a própria sombra num caminhar poético visual fará o ser humano ver sua silhueta como ativadora do conjunto da proposta.
Ir pelo simples, isto é, as varetas serem dispostas em linhas latitudinais em profundidades diferentes me deu a dimensão de que primeiro é suficiente estabelecer o diálogo entre as colagens planas, que já estão no imaginário de algumas pessoas, mas sobretudo de meu conjunto de trabalho, e o dimensionamento dessas colagens. Não só introduzir a pessoa humana no processo de percepção de trabalho é interesse mas também o objetivo de ampliar, estender o conceito de formação da obra que deixa de ser uma formação na retina mas passa a ser uma substância compartilhada.
O paralelo entre as colagens planas e a instalação podem ser melhorados com a criação de uma colagem plana de grandes dimensões nas mesmas cores da instalação. Essa obra seria instalada na parede oposta a fachada.
Foi deixada de lado, portanto, a proposta inicial de fazer caibros instalados em diagonais do teto ao chão. Ou encostados deste até às paredes. A similitude de raciocínios latitudinais entre a colagem plana e a instalação foi preferenciada.
Dimensão lúdica
Outra possibilidade que a caixa despertou foi de manter sua dimensão aos olhos do receptor da mensagem. A caixa teria de ser mostrada num púlpito ou mesa no centro de um salão para que se pudesse andar em torno dela e perceber-se, assim, a mutação de suas composições. Cezánne dizia que na natureza, cada ângulo de observação renderia um quadro novo. A percepção da caixa em 360 graus de ângulos possíveis, de cima a baixo, vem a dar total esclarecimento ao enigma de formação da imagem plana. Esse enigma, naturalmente, tem as luzes e sombras como elemento de transformação da perspectiva. Assim, a caixa projeto poderia ser igualmente furada com a adição de LEDs que conduzissem a um aumento da percepção de pontos de luz.
Mas outro interesse é que o receptor possa pegar essa caixa nas mãos e manuseá-la.
Assim, surge outra incidência criativa: fazer a caixa toda transparente. De modo que a realidade circundante atravesse as paredes da caixa e as varetas com peças coloridas faça parte do ambiente onde ela é colocada.
Há entraves técnicos: não dá para instalar LEDs numa caixa que vai ser manuseada. Ou ainda uma caixa toda feita de acrílico pode riscar com facilidade e, de vidro, é frágil e pesada. Bem, em condições ideais a caixa poderia ser feita toda de acrílico, colocada numa sala branca, num púlpito branco com feltro branco na base e luvas acessórias para o receptor a manusear e, bem, a iluminação seria externa e focal. A sala toda com luz rebaixada e um foco de luz nas peças.
Isso tudo são jeitos de colocar o receptor como participante do processo sensível que é observar uma obra de arte. O questionamento da observação como dependente da atitude do observador: seja de manuseio, seja de caminhar por uma sala, seja de acender e apagar luzes de potencialização da obra, isso tudo insere e aproxima as pessoas do artista, sem que sejam apresentados. Seria impossível fazer isso com um quadro de Henri Rosseau. O que se propõe é uma, talvez, nova concepção da obra como dimensão tangível daquilo que antes era compreensível apenas pela visão. O receptor como protagonista - no caso das caixas - ou participante - no caso das instalações - passa a ser parte da obra. Obra essa que existe isolada no mundo mas que, à presença do ser humano, é ativada.
Título das obras
No entanto as pessoas ainda se perguntam: o que é isso? Bem, o título do trabalho pode dar sugestões de leituras. O público talvez precise de um disparador. A arte abstrata ainda gera muitas dúvidas. E perguntar-se o que é isso não basta para boa parte dos receptores. A ressonância da dúvida, embora positiva, incomoda algumas pessoas. A resposta não vem e a insatisfação fica. Ter uma condução de raciocínio por parte do artista pode gerar mais estranheza. Mas o jogo de reflexões imagéticas que uma trabalho abstrato pode render me fez pensar em alguns títulos para as obras planas.
Dança das águas; Ala das baianas digitais; Uniformidades paralelas; Sombra das cores; Irregularidades uniformes; Sistema das danças; Evoluções para carnavais indígenas; A travessia das íris gigantes; Fósseis digitados; Eu não quero pensar; Eu não sei pensar; Cuneinformes; Projetos para megalitos carnavalescos; Esperança temperada; Temperança esperada; Realidades semi preciosas; Projetos para monolitos semi preciosos; Neo concreto cuneiforme; Ordenança desarrumada; Espectro flautista; Drops século XXII; Fantasmas felizes; Mistérios do meio-dia; Petit fur; Matriz origami; Anti-slime sem chantilly; Café minicraft; Petit fur Minicraft; Prendedores da ilusão; Sombrios afortunados; Lógica cromática espraiada; Assimetrias espalmadas; Dança das sombras; Mães felizes; Primavera rosa; Implantes desmistificados; Temperança paralela; Animais clandestinos; Nuvem perfeita; Bolo quântico; Matemática paralela; Vanguarda clássica x; Insetos autoritários; Porta ninhos para pérolas ausentes; Linguagem alienígena; Sentimentos brutos secos; Sentimentos brutos molhados; Sentimentos brutos moderados; Sonho antigo; Sanfonas; Formas azuis no céu dessa tela; Caviar de soja; Lego-plumária; Vertigens estáticas; Optical sanduíches; Revelações tênues de cor; Partituras para Beatbox; Arte sedimentar urbana; Granitos novos; Blackout na sala de cinema; Advertências alienígenas; Prova de matemática para iguanas; Dúvida eterna; Sistema precário; Rumo de uma escrita ilógica; Bestialidade besta; Solidão ausente; Vazio entre formas; Disruptura tátil; Tática oposta; Paralelos imperfeitos; Latitudes; Latitudes esperançosas; Desdém do avesso; Alimentos para os olhos; Soma do passado e presente; Sobre latitudes; Sombras das latitudes; Metáfora estrangeira; Metáfora visual; Metáfora visual estrangeira; Mais fácil que informática; Projetos de microorganismos para inteligência artificial; Pixel espelho; Disrupturas cromáticas sólidas; Gráficos para Fakenews em Esperanto x; Imagem de microscópio do choque de um peixe elétrico; Escrita desnecessária; Escrita das luzes; Escrita das sombras; Caverna ausente; Vagos lumes; Showbizz Monopólio para uma parede.
Versão 1
Na arte Abstrata, quando um artista traçou uma faixa colorida de ponta a ponta numa tela, ficou claro que se rompia, ali, o plano perspectivo. A ausência de ilusão no plano pictórico já havia sido inserida por Malevich, mas eram cubos pretos em telas com bordas brancas. Quando atinge-se o limite da tela, fica mais evidente o tamanho da ruptura que aquele tipo de arte Suprematista criava.
Mudar o dimensionamento de uma colagem plana para uma instalação numa caixa ou num cubo branco é um jeito de inserir o observador no processo de trabalho do artista. O próprio processo de trabalho muda, pois visto de frente, o cubo apresenta uma característica semelhante às colagens planas. Visto de ângulo, ele ganha dimensões espaciais amplas às camadas de uma colagem.
O ideal é que seja uma instalação numa sala. Com três púlpitos onde as pessoas possam visualizar o "olhar de fachada" da obra. Mas, a seguir, possam caminhar pela obra e vivenciar os infinitos ângulos de composição que a obra dá. Talvez até ter escadas nos cantos da sala. Algo que estenda o campo de visão do receptor da mensagem como participante e gerador da experiência sensorial.
A iluminação é essencial nessa proposta. Mas também a ideia de que o participante tenha o poder de apagar e acender as luzes conforme caminhe pela sala. Os interruptores seriam identificados com espelhos vermelhos. Um arte-educador ou um segurança, ou um painel na estrada daria as instruções de uso do ambiente.
É, portanto, a narrativa dos espaços e dos sentidos.
Mas a potência dessa proposta também pode funcionar nas dimensões domésticas. Uma caixa com quatro lados opacos e dois transparentes, ou vazados, onde o receptor é convidado a manusear o objeto com liberdade, desde que sobre uma base de madeira ou de pedra, sobre uma mesa.
As coisas podem se tornar interessante se varetas forem introduzidas no espaço. Possibilitando o espectador compor junto com a obra fixa, a movimentação dessas varetas pelo espaço ocupado pelos caibros com peças geométricas anexadas. Assim, analogamente ao Suprematismo, o espaço seria atravessado por linhas de cor - as varetas - dando, assim, a dimensão ao não-artista de poder romper com o espaço perspectivo.
Outra possibilidade é a obra instalativa ter cortinas de cor. Para criar a ruptura no espaço perspectivo. Essa cortina seria instalada numa certa profundidade horizontal da sala. Onde essa cortina possa ser aberta ou fechada cobrindo, assim, diferentes faixas das peças que estão atrás desse cortina.
Anotações do encontro com a profa Adriana
Brincadeira de Alice no País das Maravilhas
que tipo de narrativa estou abordando?
título que sugere uma narrativa
como eu vejo o lugar da narrativa?
narrativa: - contar história X
- como a gente apresenta para o outro:
- sentido; - sensação; - sensorial;
- propondo para o outro uma relação com isso
Cildo Meireles (Desvio para o Vermelho), Nelson Leirner
sentido de organização das formas
luz e sensação nas caixas
miniaturas: lúdico e imaginário; afeto, infância, fantasia (dimensão)
narrativa do processo
- decifrar o enigma dela
Lúcia Koch.com"
[sensorial]
Sentido
- ter significado; ser compreensível, lógico
[sensação]SUBSTANTIVO
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