Arte como catarse - exercício 2 parte 2
Exercício 2 parte 2
Construa um parágrafo dissertativo sobre a arte
como catarse, com a seguinte estrutura:
Frase 1: "A arte pode curar pode meio
de..."
Frase 2: "Por exemplo, a obra (nome da obra de
arte), de [nome do ou da artista] alivia o sentimento de..."
Frase 3: "Como outro exemplo, a obra (nome da
obra de arte), de [nome do ou da artista] alivia o sentimento de..."
A arte pode curar por meio de convenções que exprimam
que um drama particular é, na verdade, uma situação comum a diversas pessoas.
Isso faz com que o problema vivido não se relacione com o eu, mas com a vida em
sociedade. Sai-se de uma esfera da introspecção e passasse a esfera de extrospecção,
deixando o outro como participante da mesma condição e observação das
construções de soluções comuns.
Por exemplo, a obra “A morte do caixeiro viajante”, de
Arthur Miller, alivia o sentimento de irmandade e familiaridade, ao revelar
valores da convivência massiva e ao mesmo tempo ao companheirismo entre irmãos
e seus desafios por um emprego, a ascendência opressora do mais velho sobre o
mais novo, a cleptomania em momentos de oportunidades como o roubo de uma
caneta durante uma entrevista de emprego pelo irmão mais velho e o fim [com o
grande fim], após a morte do caixeiro, a revelação da mãe de família que aquele
era o único momento até então em suas vidas que todas as contas estavam pagas,
expõe, assim, a crueza da realidade das personagens, crueza velada durante toda
a peça, do valor da convivência com as dívidas concomitante a toda a existência
de defeitos de caráter e condições de vida desestruturadas dos personagens.
Desse modo, a peça alivia o sentimento de deslocamento em relação a estar
endividado. Isso fortalece o sentido de resiliência, de atividade diante das
intempéries da vida.
Como outro exemplo, a obra “História sem fim”, de
Michael Ende (roteirista) revela que na narrativa sobre o fim do encantamento
também se pode encontrar o encantamento. Na investigação sobre os abalos do
mundo da fantasia pela falta de atenção das crianças ao mundo da fantasia, o
autor desperta os viventes para a finitude da fantasia em relação a falta de
atenção à ela. Isso não me curou, eu leio pouco, vou pouco ao teatro, me
interessei pouco por filosofia até então, mas despertou em mim, talvez, a
atenção às artes como estímulo para que ela se desenvolva. Há no filme uma
relação forte da finitude com a morte, quando um cavalo afunda e morre num
pântano, em areia movediça, sem que nada se possa fazer para salvá-lo. Ou ainda
a agressividade de um quadro de lobo que vira lobo feroz mesmo e ataca quem o
está observando. Essa ferocidade com que a vida se transforma, a morte de um
bicho de maneira violenta e lenta, o ser de rocha que se esfarela porque a substância
das pedras é a fantasia das crianças, esse contato com a perseverança de que
uma criança é capaz de manter um mundo vivo fora e dentro de si, cura o
sentimento de que se você está vivo, o bom mundo está vivo junto de você. E não
importa o quanto você desenvolva a sua fantasia, a sua fantasia e sua e permite
que o conjunto de histórias que chegou até aqui se mantenha viva. Por esse
critério, Simbá o marujo está vivo embora eu só lembre dele agora depois de 20
anos de ter lido as 1001 noites. Assim como Sherazad. A manutenção das pessoas
com um mundo maior, com a memória dos frutos e sua permanência com a relação de
alguns poucos indivíduos – uma baita de uma crítica social à época em que o
filme foi feito(1984), à cultura de massa que talvez idiotizava as pessoas em
aspectos de criar uma fantasia menor – tudo isso são aspectos de cura. De
catarse, de narrar ações de um indivíduo em busca de reconhecer a sua ajuda a
que a Imperatriz Menina viva e reine sobre o Mundo da fantasia apenas por sua
atenção de ler um livro que atenta sobre a importância de ler livros como
produtor daquilo que a história define: a produção da fantasia a partir da
leitura infantil. Por fim, para adequar meu tema do segundo exemplo à minha
escrita inicial: o drama comum vivido que o roteiro do filme revela é a
desatenção a leitura. E a solução individual como grande produtora de
significado para amplos setores da humanidade – os seres que vivem dentro dos
livros – reforça o sentido de que ao fazer a sua parte se faz muito. Se estimula
a vida ao que não é vivo (por habitar apenas os livros) mas, ainda mais, de
aumentar o poder poético do indivíduo como recompensa. Isso o filme não diz
diretamente, mas sua poética e aventura do garoto que anseia um mundo melhor e
ser ele o protetor do mundo da fantasia – em desacordo com os promotores dos
bulling que sofria – o faz ver que ele é a parte de um todo muito maior e,
curiosamente o filme induz a concluir como compensatório.
Hoje já se atenta para importância dos pais lerem para os
filhos como propulsor do hábito de leitura individual. Mas isso é outra
história. A defesa do filme pela vida do mundo da fantasia é muito bela.
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